terça-feira, 23 de setembro de 2014

A direção do Grêmio está desesperada para reverter a sua exclusão da Copa do Brasil

Não só pela disputa da competição, o time se recuperou nas mãos de Felipão. A vaga na Libertadores pode vir no Brasileiro. A situação é muito mais profunda. O clube não quer ficar marcado como racista. Além disso, pode perder até R$ 200 milhões, o preço do naming rights da sua nova arena. O futebol brasileiro ficou desmoralizado depois da Copa do Mundo. O planeta vive uma crise econômica pesada. Várias empresas deixaram de investir em futebol. Principalmente no país. São Paulo, Palmeiras e Santos não têm patrocínio master, por exemplo. O Grêmio recebe R$ 12 milhões do Banrisul. É um patrocínio viabilizado politicamente. Dependendo do resultado das eleições, ele pode ser rompido em 2015. Existe a possibilidade. Mas a preocupação mais premente de Fábio Koff e seus companheiros de diretoria é outra. Há dois anos o clube gaúcho tenta vender o batismo de sua nova arena. Ex-dirigentes deixaram vazar que uma empresa londrina estaria interessada em comprar os naming rights por vinte anos. O Grêmio estaria pedindo R$ 200 milhões por vinte anos. As negociações teriam começado antes da Copa do Mundo. Tudo caminhava lentamente, com idas e vindas. Nada fechado. Outras empresas orientais já estiveram interessadas, desistiram. Tudo caminhava travado até que houve a partida contra o Santos pela Copa do Brasil. Pequena parte das organizadas gremistas xingou Aranha de macaco. Patricia Moreira da Silva foi flagrada pelas câmeras da ESPN Brasil. Seu rosto se contorcendo de ódio ofendendo o jogador negro ganhou o mundo. A sentença histórica do STJD eliminando o Grêmio da Copa do Brasil, por atitudes racistas de sua torcida, ganhou o mundo. Até o presidente da Fifa, Joseph Blatter, elogiou a decisão. Era tudo o que os dirigentes não poderiam querer. Foi um pesadelo para os dirigentes. A imagem do clube gaúcho sofreu um desgaste incomensurável. Que empresa internacional gostaria de ligar seu nome com uma equipe marcada pelo racismo? Nenhuma. Desde então, silêncio em relação à tal empresa londrina. Por isso o julgamento do Pleno do STJD vale tanto para o Grêmio. Transformar a eliminação da Copa do Brasil em perda de mando de dois jogos é a missão dos seus advogados. Eles estão instruídos por Koff para 'dar a vida' diante dos auditores. O recurso gremista já deveria ter sido analisado na semana passada, no dia 19. Mas auditores mais experientes não podiam participar. Por isso o julgamento foi adiando para essa próxima sexta-feira. A esperança na diretoria do clube gaúcho é enorme. E tem origem na drástica redução da pena de Petros do Corinthians. O jogador havia tomado seis meses de suspensão pelo STJD. Ao analisarem o recurso no Pleno do mesmo STJD, os auditores chegaram à conclusão que houve um exagero. E deram apenas três partidas de suspensão pelo tranco que ele deu no árbitro Raphaeu Klaus. O procurador Paulo Schmidtt ficou revoltado com a decisão. Achou descabida a redução drástica na pena de Petros. E entrou com recurso, buscando nova decisão. As chances de nova revisão são mínimas. No Corinthians há a certeza de que a batalha está ganha. Koff argumenta que o clube faz campanha contra o racismo há muito tempo. Mesmo antes da fatídica partida contra o Santos, no dia 28 de agosto. O clube tentou se reconciliar oficialmente com Aranha antes do jogo pelo Brasileiro na semana passada. O goleiro santista não quis. Foi duramente vaiado e até ironicamente chamado de "Branca de Neve" por gremistas. Foi uma provocação lastimável ao goleiro negro. Desde o jogo pela Copa do Brasil, as organizadas baniram o gritos de 'macacos' em suas músicas. Por décadas, a ofensa foi feita contra o rival Internacional. A origem vem do fato de os colorados usarem jogadores negros quando não era o costume no Rio Grande do Sul.
A tese do clube no primeiro julgamento será reforçada. Que foram pouquíssimos torcedores que tiveram atitudes racistas contra Aranha. Vão usar as imagens da própria ESPN Brasil e voltar a mostrar que, além de Patricia, cerca de dez ofendiam o goleiro santista. A imprensa gaúcha tem recebido mensagens de otimismo dos dirigentes do Grêmio. Há a convicção de que o clube irá se safar na sexta-feira. Há também o nítido interesse em não propagar a imagem do Rio Grande do Sul como estado racista. Políticos locais também desejam a reversão da pena até pela população gaúcha. Ao Grêmio vale muito a reversão da exclusão. Para deixar de ser o primeiro clube do país a ser banido de uma competição por racismo. Seria uma mancha pesada demais na sua história. E depois pelo lado comercial. A rejeição a tudo que tenha relação com discriminação é rejeitado internacionalmente.
Em 2012, as organizadas do Zenit da Rússia publicaram uma carta. Assumiram publicamente que não queriam negros e gays jogando no clube. Foi um vexame internacional. "Não somos racistas, mas para nós a ausência de futebolistas negros no plantel do Zenit é uma importante tradição que reforça a identidade do clube. Somos a equipe mais ao norte das grandes cidades europeias e nunca tivemos vínculos com a África, a América Latina, Austrália ou Oceania. Não temos nada contra habitantes destes continentes, mas queremos que joguem no Zenit atletas afinados com a mentalidade e o espírito da equipe." Hulk não nega que já sofreu com atos racistas dos torcedores da equipe. Esteve a ponto de pedir para sair do clube. Mas foi convencido a ficar pelos dirigentes. O Zenit sofre grande rejeição comercial por conta do racismo de seus torcedores. É tudo o que Fábio Koff não quer que aconteça com o Grêmio. Por isso ele precisa tanto da reversão da pena nesta sexta-feira. R$ 200 milhões é muito dinheiro. Mas o desgaste da imagem do clube no mundo inteiro vale muito mais. O pleno do STJD terá um dos julgamentos mais importantes de sua história. Que fique a lição para Patricia e alguns ignorantes que pensam que estádio é lugar para comparar negros a macacos. Seus atos repugnantes em relação a Aranha estão custando caro demais para o clube que juram amar... (Fonte R7 Cosme Rimoli R7 Esportes)

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