(© Fornecido por Cartola Com consultório móvel desde 1995, Cássio Melo já percorreu 550 mil quilômetros pelas rodovias brasileiras e atendeu mais de 46 caminhoneiros)
Logo que saiu da faculdade de odontologia e passou a fazer trabalho voluntário em regiões carentes, o cirurgião-dentista Cássio Melo se impressionou com a forma como os brasileiros cuidavam da sua saúde bucal. “Me deparei com uma realidade na qual as pessoas só iam na clínica em casos de emergência para extrair os dentes”, conta. Os cuidados básicos de higiene oral – que podem prevenir problemas como o mau hálito e gengivite – precisavam ser difundidos e, a partir dessa premissa, Melo criou o Odontomóvel, que desde 1995 já percorreu mais de 550 mil quilômetros por todo Brasil.
Desde o início do projeto, um dos objetivos era analisar o cenário da saúde bucal no país e, para isso, o dentista escolheu colocar o veículo para percorrer as rodovias e atender caminhoneiros e comunidades próximas. “A primeira história que ouvi na estrada foi quando perguntei para um caminhoneiro o que ele fazia quando estava viajando e tinha dor de dente, ele me contou que molhava a escova na água da bateria (composta por ácido sulfúrico) e que na hora doía mais, porque o dente estourava, mas depois passava”, lembra. Os atendimentos são realizados em postos de combustíveis das rodovias, e Melo é o único dentista na clínica.
O baú de um caminhão Ford é responsável por reunir todos os equipamentos necessários para os procedimentos feitos no Odontomóvel, que incluem prevenção, raspagem dos dentes para retirar resíduos, conserto de próteses e atendimentos de emergência. Melo faz questão de repassar suas experiências com o consultório itinerante para que a ideia possa se reproduzir e com frequência orienta outros profissionais.
O número de iniciativas móveis aumentou com o passar do tempo, e uma das que surgiram em seguida foi o OdontoSesc, que desde 1997 promove os cuidados com a saúde bucal em regiões de periferia do país. Ao contrário da iniciativa de Melo, que prioriza um atendimento espontâneo, o projeto do Sesc faz parcerias com as secretarias de saúde dos municípios e, previamente, organiza uma agenda de atendimentos que serão realizados ao longo dos 90 dias em que a unidade ficará no local.
O programa foi inicialmente desenvolvido para atender comerciantes, mas, ao perceber a demanda pelos atendimentos, passou a atender o público geral. Assessora técnica do núcleo de odontologia do departamento nacional do Sesc, Valéria Rôça trabalha com o projeto desde a criação. Ela conta que antes de se instalar em uma localidade é feito um estudo prévio sobre o cenário de saúde bucal da região e são agendadas as consultas. "A proposta é diminuir a iniquidade da saúde, então priorizamos dar continuidade e finalizar os tratamentos", conta.
A estrutura do OdontoSesc tem capacidade para atender cerca de 48 pessoas por dia, mas, além dos atendimentos, um dos focos da unidade é promover os cuidados com a saúde e, para isso, são feitas atividades e espaços lúdicos. Um deles é o escovódramo, onde os pacientes aprendem a fazer a limpeza correta da boca e a usar o fio dental, enquanto são orientados que essa é a melhor maneira de evitar cáries e outras doenças.
A principal vantagem dos consultórios móveis é ir até quem realmente precisa de tratamento odontológico. Para os profissionais, o trabalho em si é a maior recompensa. "Sempre que vamos atender, não conhecemos só a ficha clínica do paciente, conhecemos a sua realidade e sua família, a vida. É um tipo de trabalho que a gente consegue ir além e mudar hábitos dos pacientes", lembra Victor Coutinho, que também é assessor técnico do Sesc e atua no projeto há oito anos. Cássio se orgulha, principalmente, de recuperar a autoestima das pessoas através dos tratamentos, que deixam o paciente pronto para exibir o sorriso.
Brasil Sorridente Móvel:
Os tratamentos de saúde bucal em unidades móveis não se restringem somente às iniciativas particulares. O programa Brasil Sorridente, do Governo Federal, oferta serviços odontológicos em unidades móveis para as populações de locais que apresentam maior dificuldade de acesso aos serviços de saúde, localizados predominantemente nas áreas rurais, quilombolas ou assentamentos. No total são 151 unidades em todo país.
(Fonte MSN)
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