sábado, 1 de novembro de 2014
Como e por que os gols e as assistências deixaram de ser a principal felicidade de Kaká
(Foto Getty)
Levir Culpi tem um mantra que o diferencia dos demais técnicos da primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Fã de NBA, o treinador não se cansou de explicar no seu primeiro mês de trabalho no Atlético-MG que, para ele, jogador é um número. Para ficar em campo, atacante precisa fazer gol. E chutar. O meia precisa acertar passes. E dar assistências.
Os próprios jogadores, em geral, se cobram por isso. Centroavante que não balança a rede não pode ser feliz. Armador que não arma a jogada de ataque corretamente, também. Mas existe alguém que não fica triste ao constatar que seus números, a essência que representará seu jogo depois, estão em um patamar mais baixo?
Existe. E seu nome é Kaká.
Aos 32 anos, o meia retornou ao Brasil com um estilo de jogo diferente daquele que o consagrou. As arrancadas fulminantes em direção ao gol adversário deram espaço para maior cadência e paciência. A velocidade deu lugar à correria para marcar e recompor o sistema defensivo. Contar o número de gols e o de passes para gols não é mais essencial.
Desde a reestreia pelo São Paulo, na derrota para o Goiás por 2 a 1 no fim de julho, o atleta fez 17 jogos. Foram 15 partidas pelo Brasileiro e duas pela Copa Sul-Americana. Fez dois gols (média de 0,11) e distribuiu três assistências (média de 0,17).
Números longe de seu auge. Na temporada 2007-2008, após ajudar o Milan a ser campeão da Champions, ele marcou 15 vezes em 30 jogos pelo Campeonato Italiano. Ou uma bola na rede a cada duas partidas. Na primeira passagem pelo próprio São Paulo, foram 48 gols em 131 jogos. Nada que o incomode.
"Aprendi na Europa é que realmente no futebol não é só com a bola que se joga. Meu amadurecimento é mais nesta direção. Consegui jogar mais sem a bola. Meu número de assistências diminuiu, meu número de gols diminuiu, mas se eu perguntar aqui para vocês se acham que acrescentou algo a minha chegada ao São Paulo, é unânime que acrescentou alguma coisa. É comprovado que futebol não é só na bola", declarou na última sexta-feira, em evento da Samsung no Jockey Club, em São Paulo.
Segundo Kaká, não existe incômodo pelo baixo número de gols. Para ele, o mais importante é ajudar a fazer o time andar e ter bons resultados. E a unanimidade, diz ele, em relação ao que pensam de seu jogo, o ajudam a ter certeza de que tudo está certo.
"Não me incomodo com isso (falta de gols). Se vocês da crítica acham que eu acrescentei algo, vem ao encontro do que eu acho. É uma troca de valores entre eu e o São Paulo. Ter os resultados que temos juntos agora mostram que não é só o detalhe do gol e da assistência e sim uma série de outros fatores que contribuem para o bom rendimento."
O jogador também considera uma grande vitória o fato de ter se adaptado rápido e conseguido encaixar uma boa sequência de jogos. Isso tudo exigiu uma boa dose de trabalho, claro. O meia e a comissão técnica fizeram reuniões para acertar os pontos. Cada um deu sua visão de qual seria a melhor maneira para fazer com que o melhor do mundo em 2007 alcançasse o melhor desempenho possível. "De uma forma geral, estou feliz com a minha volta", avaliou o jogador.
Uma felicidade que, para Kaká, se resume apenas ao São Paulo vencer. Com ou sem gol dele. Com ou sem assistência. Uma felicidade que não exige mais números individuais excepcionais.
(Fonte MSN)
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