quinta-feira, 6 de setembro de 2012
50 IMPRESSÕES SOBRE OS 50 TONS DE CINZA.
50 impressões, 50 tons de cinza, editora intrínseca, romance, sadomasoquismo, sensualidade.
— Adoraria ter alguém como ele na minha vida.
— Não consegui parar de ler.
— Ele se encantou por ela.
— Não consegui parar de ler.
— Tenho uma visão muito romântica do livro.
— Não consegui parar de ler.
— Não posso dizer que não senti desejo.
— Não consegui parar de ler.
— Achei o cara interessante. Ficaria amigo dele.
— Não consegui parar de ler.
— É a história de alguém que muda alguém.
— Não consegui parar de ler.
— Estou enlouquecida pelo livro.
— Tem pinta de pegador, mas se dobra.
— Não consegui parar de ler.
— Preciso dos próximos (volumes).
— Não consegui parar de ler.
— Meu marido ficou com ciúme do livro.
— Não consegui parar de ler.
— Adorei os dois, a primeira vez em que se encontram acende uma chama.
— Não consegui parar de ler.
— Li os três em 15 dias.
— Não consegui parar de ler.
— O Grey é maravilhoso. Ela aprende muito com ele.
— Não consegui parar de ler.
— O sexo é plano de fundo.
— Não consegui parar de ler.
— Adorei, dá uma sensualidade.
— Não consegui parar de ler.
— Será que ele é mesmo sadomasoquista ou se esconde atrás disso?
— Não consegui parar de ler.
— Li em quatro dias.
— Não consegui parar de ler.
— São os detalhes que marcam, o cheiro de madeira.
— Não consegui parar de ler.
— Não acho que seja agressão o que ocorre entre eles.
— Não consegui parar de ler.
— Acho o ato sexual dele maravilhoso.
— Não consegui parar de ler.
— Será que precisa de um contrato?
— Não consegui parar de ler.
— Fica clara a linha tênue que divide a passividade e a desobediência.
— Não consegui parar de ler.
— Ele é terrivelmente rico.
— Não consegui parar de ler.
— Ele experimenta a singela inocência dela.
— Não consegui parar de ler.
— Ela, sem perceber, domina um homem que jamais imaginou se submeter a um romance normal.
— Não consegui parar de ler.
— Não gostei do livro, achei fraco, mas não consegui parar de ler.
Resenhar um livro não é tarefa muito difícil para quem conhece literatura, autores, grandes obras. Basta misturar um pouco de cada coisa com a intenção do autor a ser resenhado e o trabalho sai direitinho.
Mas 50 Tons de Cinza não é um livro a ser resenhado. Para entender o sucesso das palavras contidas em suas páginas, é preciso descobrir como elas despertaram cada um dos leitores.
Fiz esse desafio, e colhi impressões de 50 pessoas que leram 50 Tons de Cinza. A partir daí ficou bem mais fácil apostar que a suposta submissa, na verdade, reflete a mulher de hoje, dominante e presente.
Das coisas que ouvi, muitas foram parecidas, mas nenhuma se aproximou da bem-humorada cena feita para o Dia das Mães pelo Saturday Night Live, na qual as leitoras estão sempre à beira do orgasmo.
Quem comprar o livro a fim de desfrutar uma leitura erótica cai do cavalo. O livro não é isso, o livro é um desafio. Tem sexo? Tem. Tem um pouco de sadomasoquismo? Bem, diria que o que há nas páginas é mais um bê-á-bá para iniciantes, para os leitores leigos no assunto entenderem do que se trata – tanto que os amantes da prática consideram o livro fraquinho.
Das pessoas com quem conversei, uma coisa foi unânime: os leitores estavam literalmente namorando o livro, por isso não o largam, é um romance, livro e leitor estão apaixonados. As palavras os consomem até que cheguem ao fim com uma sensação ambígua: querem que termine para saber o que vai acontecer e se sentem órfãos por terem de se separar da história até que chegue o próximo volume.
O mais interessante é que essa sensação prevalece até para quem já leu os três volumes em inglês. Eles querem mais.
O casal (não os da história, mas o leitor e o livro) ama e se sente amado, se envolve e entra na história como se a vivesse de verdade, virando o jogo.
O dominador dormiu de conchinha? Oi?
Não é o chicote que agrada, mas ser tomado com desejo. Quem não quer ser desejado? Lembra-se da música Só um Tapinha Não Dói? Pois é, em 50 Tons de Cinza o tapinha doeu, mas foi perdoado depois que o “agressor” pega um helicóptero e leva a “submissa” ao vernissage de um amigo de quem ele morre de ciúme. Uhmmmmmm, que fofo!
50 Tons de Cinza é uma história de amor como há muito tempo não se contava. É envolvente, como disse acima e repito, leitor e livro se sentem namorando. E não se enganem achando que só mulheres leem e gostam. Há muitos homens que queriam ser o Sr. Grey, não o sadomasoquista light, mas o que aos poucos se rende e realiza.
Tudo isso ocorre em uma história simples, mas muito bem contada pela autora. Pode-se dizer que, nos últimos tempos, essa foi a melhor sacada da literatura best-seller.
O perfil da dupla parece traçado.
Christian Grey é um homem bem-nascido, um executivo bem-sucedido e dotado de beleza que faz as mulheres suspirarem. Anastasia Stelle vem de família humilde, recém-graduada em literatura inglesa e sem planos para seu futuro profissional. O perfil da dupla parece traçado, mas, como sugere o título do livro 50 Tons de Cinza, nada é “preto no branco”. O cinza existe. E existe em 50 tons.
Escrito por E. L. James (as siglas são de Erika Leonard), o livro conta a história da jovem Anastasia Stelle, de 22 anos, que está prestes a se formar na faculdade e conhece um homem poderoso, o bilionário e “intimidante” Sr. Grey — como ela mesma o apelida.
Logo no início da trama, Anastasia descobre que Grey não é adepto do sexo convencional, mas sim do sadomasoquismo.
Ele deseja uma mulher submissa, e diz que é sua vontade ser um dominador (com direito a chicotes, vendas nos olhos e algemas). Porém, logo descobrimos que o personagem tem traumas de infância, cujos reflexos moldam seu comportamento sexual.
E é o próprio “intimidante” Sr. Grey que entrega sua história, falando aos poucos do seu passado sinistro e se comportando como em um jogo de “morde e assopra” — castigando Anastasia, mas sempre cobrindo a garota de presentes caros e aventuras inesquecíveis.
Não há como saber, por agora, o final de 50 Tons de Cinza.
A trama é uma trilogia e o segundo volume ainda não foi lançado no mercado nacional. Mas a mensagem que o primeiro volume deixa no final é uma que muitas mulheres querem ouvir: por amor, até o mais estranho dos homens é capaz de mudar para ficar ao lado da sua mulher. Será mesmo? Talvez, por sugerir esta ideia, o romance tenha ganhado o apelido de “pornô para mamães”. Tudo muito leve.
Ps. Em três semanas, no Brasil, 50 Tons de Cinza vendeu 200 mil; 8.000 cópias por dia; 350 por hora.
(Por Ligia Braslauskas, gerente de jornalismo do R7)
Cinquenta Tons de Cinza
480 páginas
R$ 39,90 (versão impressa)
R$ 24,90 (versão e-book)
Editora Intrínseca
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