terça-feira, 31 de maio de 2016

Em Nova York, intelectuais denunciam "golpe" contra Dilma

(© Fournis par RFI) Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York A maior associação de estudiosos e pesquisadores da América Latina e Caribe mandou um recado duro ao governo interino brasileiro nesta segunda-feira (30). Um painel da organização se transformou em ato de denúncia do que os intelectuais classificaram de “golpe jurídico-parlamentar” no Brasil. Além de uma moção aprovada pela direção-executiva da Associação Latino-americana de Estudos (LASA, sigla em inglês), considerando o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff um ataque à democracia, o 34° congresso da organização, realizado no coração de Manhattan, também alertou para a “perigosa ruptura institucional que pode se alastrar pela região”. O painel, que não estava previsto no programa inicial do evento, contou com três intelectuais brasileiros: o ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o sociólogo Adalberto Cardoso, diretor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ) e a historiadora e cientista política Helcimara de Souza Telles, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A mediação foi realizada pelo historiador Alexandre Fortes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O evento, que também celebra os 50 anos da organização, contou com a participação de mais de duzentas pessoas na plateia. "Golpe branco" de Estado: Bresser-Pereira foi peremptório ao afirmar acontecer hoje no Brasil uma “farsa jurídica e golpe parlamentar”, impulsionado pela derrocada do modelo de socialdemocracia com crescimento econômico defendido pelo PT. “Se o golpe não for revertido, o que ainda é possível no caso de o governo eleito conseguir mais 5 votos além dos 22 que teve na votação no Senado, veremos nos próximos anos o desmantelamento do estado do bem-estar social no Brasil, a estagnação econômica, o aumento da dívida externa e os movimentos sociais ocupando as ruas”, declarou. Segundo Cardoso, o “golpe branco dado em Dilma Rousseff no Brasil se deu com o uso do próprio arcabouço institucional criado pela Constituinte de 1988". “Foi um golpe ‘branco’ de Estado e também de classe social e precisamos agora da vigilância das forças democráticas”, afirmou. Helcimara Telles afirmou que, desde a eleição de 2014, a oposição no Brasil assumiu uma postura “ambivalente democraticamente” se recusando, na prática, a aceitar os resultados das urnas. “Houve, também, um aspecto claramente de gênero no golpe, machista, com a apresentação da presidente como uma figura histérica. A contraposição é o governo interino formado exclusivamente por homens”, afirmou. Em um momento que impressionou a plateia, a cientista política mostrou imagens criadas de Dilma de pernas abertas em tanques de gasolina de carros de apoiadores do impeachment. Ela também exibiu a oposição das capas de revistas semanais brasileiras, apresentando a presidente como desequilibrada emocionalmente e a primeira-dama interina, Marcella Temer, como “bela, recatada e do lar”. FHC desistiu de participar do evento O painel terminou com parte da plateia gritando “Fora, Temer!” e lamentando a decisão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP). Uma das atrações do congresso, ele não participou do evento depois de ser revelada a tentativa de um abaixo-assinado pedindo sua exclusão por ter apoiado o processo de impeachment da presidenta eleita. A moção de denúncia do golpe aprovada pela executiva da LASA vai à votação geral no fim da reunião de pensadores sobre a América Latina e o Caribe, que termina nesta terça-feira (31). (Fonte MSN)

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