terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Cigano toma 275 golpes na cabeça em quatro lutas. E pode pagar caro por isso no futuro

(Montagem ESPN com Getty) Da esquerda para direita, Cigano após o segundo e o terceiro combates contra Velasquez e após o duelo com Miocic. Já parece ter virado cena costumeira. Após a luta, Júnior Cigano deixa o octógono um tanto quanto desfigurado. Lábios e olhos inchados, cortes pelo rosto, bastante sangue e a certeza: ele não se recuperará tão fácil. Também pudera. Nas últimas aparições que fez, apanhou como nunca havia apanhado na vida. E o preço disso tudo pode ser cobrado no futuro. Desde a segunda batalha contra Cain Velásquez, no fim de 2012, se passaram quase dois anos e Cigano entrou no octógono em quatro ocasiões. Até aí, nada de tão anormal. O impressionante é a quantidade de golpes que o brasileiro vem recebendo contra a sua cabeça. Foram nada menos que 275 golpes traumáticos no rosto nestes quatro embates. Pior ainda se considerarmos que 255 destes golpes vieram em apenas três destas lutas - as duas derrotas para Cain Velásquez (82 golpes na primeira luta e 96 na segunda) e a vitória de sábado diante de Stipe Miocic (77). Foram 255 golpes em pouco mais de uma hora de octógono. Para se ter uma noção ainda maior do que essa quantidade representa, Cigano havia recebido apenas 124 golpes em qualquer região de seu corpo (cabeça, tronco ou pernas) nas outras nove lutas que havia feito no UFC até então. O preço de tanta pancadaria na cabeça, claro, pode vir no futuro. Esse é, na verdade, o tipo de golpe que mais preocupa em qualquer esporte de artes marciais. Com a repetição do trauma, Cigano pode enfrentar um problema cerebral que muitos boxeadores enfrentam hoje, como demência ou doenças neurológicas. "Ele poderia adquirir uma encefalopatia pós-traumática. É uma lesão cerebral adquirida depois de múltiplos traumas. Isso já foi descrito em boxeadores e leva a um caso demencial. Também acontece no futebol americano. É uma coisa preocupante. Traumas repetidos podem levar a esse tipo de problema", explica a médica Sonia Brucki, integrante da Academia Brasileira de Neurologia. "Varia de pessoa a pessoa o início da sintomatologia e das alterações cerebrais. Alguns desses estudos americanos mostram que você tem poucas alterações até chegar no ponto em que os sintomas começam de fato a aparecer. Possivelmente, diria até provavelmente, casos como esses devem começar a aparecer também em lutadores do UFC", completa. Não por menos, ninguém nunca esconde a preocupação com Cigano após batalhas como a do último final de semana. Depois da última luta contra Velásquez, o brasileiro foi suspenso por tempo indeterminado até que avaliações médicas o liberassem mais uma vez. E no último domingo, Dana White, o chefão do UFC já avisou: ele vai demorar para pisar no octógono de novo. "Não sei em que lugar Cigano fica após essa luta, mas o certo é que Fabricio Werdum vai enfrentar Cain Velásquez pelo cinturão, e depois vamos ver como as coisas ficam. Mas, após a luta de hoje, eu não preciso ser médico para dizer que Cigano não lutará tão cedo", disse o presidente da organização máxima do MMA. (Fonte MSN)

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